Plano Pastoral

O modelo de pessoa que o CPA pretende formar ficaria incompleto se a ação educativa se limitasse a transmitir uns valores e a desenvolver uma série de capacidades.

O CPA acredita que a pessoa não é um ser fechado em si mesmo. Acredita que a sua vocação, a sua vida e o seu destino vão mais além dos limites deste mundo. Acredita que a pessoa é um ser aberto ao transcendente.

Quando se analisa a vida humana e as suas formas de cultura ao longo da história, aparecem constantemente, juntamente com a racionalidade, dois fenómenos universais: o amor e a religião. Só isto já seria suficiente para ter em conta o aspeto religioso em todo o processo educativo.

Mas, para além disso, o CPA oferece aos seus alunos uma conceção cristã da pessoa, da sua vida e do seu destino, baseada em valores evangélicos, convencidos de que a fé cristã completa o desenvolvimento humano porque a plenitude do mesmo está em Cristo.

Ajudar os nossos alunos e alunas a construírem-se como pessoas e como cidadãos artífices da sociedade do amanhã não é tarefa fácil e exige um projeto de educação existencial. A ação pastoral está encaminhada para isso, para abrir caminho a um projeto de vida articulado com os valores do Evangelho, para o desenvolvimento dum humanismo cristão autêntico.

Deus trabalha e opera em todas as coisas criadas em benefício de cada pessoa. Este conhecimento do relacionamento de Deus com o mundo implica que a fé em Deus e a afirmação de tudo o que é verdadeiramente humano sejam inseparáveis entre si. *…+ Vimos sentindo, depois do concílio Vaticano II, um novo e profundo desafio que pede uma nova forma de humanismo cristão, com ênfase especial no mundo social. O Concílio afirma que “a distância entre a fé que muitos professam e as suas vidas no dia a dia merece ser tida como dos erros mais sérios do nosso tempo.
(GS 43)

Assim, a partir de sua matriz humanista e cristã, o CPA assume de modo explícito a Espiritualidade Inaciana, levando a pastoral a inspirar-se em três princípios.

PRINCÍPIOS DA PASTORAL NO CPA

  • O RESPEITO PELA LIBERDADE PESSOAL
    A fé é uma opção estritamente pessoal que não pode impor-se nem exigir-se. Por isso, o CPA abre as suas portas a todos, crentes ou não, e guarda o mais sério respeito pela consciência da pessoa.

    O CPA, no entanto, não pode esquecer o fundamento cristão que lhe deu origem e, por isso, aspira, sem coação alguma, a despertar a fé nos que não a têm e a manter um ambiente propício para que possam desenvolvê-la e aprofundá-la os que já são crentes.
    O CPA aspira, também, a que o seu corpo docente e não docente não só pense e eduque nestes valores mas que viva uma fé pessoal e comunitária.
      
  • A SUPERAÇÃO DA FÉ SOCIOLÓGICA
    O CPA pretende facilitar aos seus alunos a passagem de uma fé sociológica e tradicional a uma fé pessoal e conscientemente assumida. Para consegui-lo, a pastoral no CPA há de procurar que a fé seja vivencialmente redescoberta, livremente aceite com um novo compromisso pessoal, aprofundada nas suas formulações bíblicas e eclesiais, e vivida em comunidade.

    O CPA considera que, na educação cristã, a fé deve atuar com um caráter globalizador, de modo a que todos os aspetos da educação adquiram o seu mais completo sentido na vida e nos ensinamentos de Jesus, que procurou a superação das limitações humanas e a expansão das suas possibilidades ao serviço dos outros. 
  • O PE. PEDRO ARRUPE COMO MODELO DE IDENTIDADE
    O nome fundacional não é para o CPA uma mera denominação, mas pretende assinalar a forma e o sentido de vida que propomos a uma juventude necessitada de modelos de identificação.

    a. O grande amor do Pe. Pedro Arrupe pela pessoa de Jesus deve aparecer em toda a sua grandeza como o grande libertador da Humanidade e como o grande Amigo: “Tudo, para mim Cristo é tudo. Tirem Cristo da minha vida e tudo desabará como um corpo a que se retirasse o esqueleto, o coração e a cabeça”.

    b. O seu grande amor pelo Mundo e pela Humanidade devem levar os nossos alunos a entender a vida como missão e ao serviço do bem comum: “Não me resigno a que, quando eu morrer, o mundo continue como se eu não tivesse vivido”. Acreditando que só faz sentido o projeto do CPA se os nossos alunos forem mulheres e homens para e com os outros, a Pastoral proporcionará uma experiência de inserção no mundo da Cultura, da Fé e da Justiça, através de ações concretas de caráter cívico, de solidariedade, de contacto e de apoio às realidades sociais mais desfavorecidas.

    c. O seu grande amor à Igreja: uma Igreja que é povo de Deus, onde todos os seus membros vivem em comunhão; uma Igreja que, como toda a obra humana, se vê condicionada pelas pessoas que a constituem. Uma Igreja que se preocupa com as realidades mais sofredoras e marginais e que procura comprometer-se com elas.

    ESTRUTURA BÁSICA DA PASTORAL INACIANA

    Procuramos desenvolver uma pastoral que seja profundamente coerente, antropologicamente significativa e que tenha uma explicitação do conhecimento e da experiência de Deus, segundo a Espiritualidade Inaciana. Isto significa aprofundar, ao mesmo tempo, o antropológico e o teológico, entendendo a vida cristã como resposta a um chamamento (vocação). Por isso, a pastoral no CPA foi construída a partir de três aspetos que devem trabalhar-se simultaneamente em cada uma das etapas evolutivas da criança e do jovem:

    1. Amadurecimento humano: como o Evangelho cresce em terreno humanizado, uma das nossas preocupações deve ser partir dos valores e atitudes que partem dos direitos universais humanos e que nos fazem iguais em dignidade. Por isso há que trabalhar as disposições humanas que são necessárias para fazer uma leitura coerente das experiências que vão sendo vividas: interioridade, emotividade, sentimentos, intuição, entusiasmo, imaginação, surpresa, abertura, relações, (âmbito dos valores, atitudes e disposições).
       
    2. Evangelização: abrange a passagem à transcendência, através do anúncio do Evangelho e da fé em Jesus, tendo em conta a cultura juvenil na qual este anúncio é recebido (âmbito do anúncio, símbolos, fé)
       
    3. Vida de fé: acompanha, atende e cuida do crescimento na fé, tanto a nível pessoal como de grupo ou comunitário. Uma fé que é vivência e opção pessoal e que implica entender a vida cristã como vocação (âmbito dos sacramentos, da palavra, da comunhão, da “experiência” cristã).

    Como tal, a Pastoral assume uma função de descoberta e crescimento espiritual de toda a comunidade educativa, proporcionando experiências de encontro consigo mesmo, com os outros e com Deus.

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    FINALIDADES

    No CPA, a Pastoral assume uma função de descoberta e de crescimento de toda a comunidade educativa. Por isso, as finalidades que a comprometem serão sempre apresentadas como perguntas. As respostas não expressam, por isso, a totalidade dos fins que queremos abordar, mas refletem as opções em que queremos apostar.

    • 1. QUE PESSOA?
      Que tipo de pessoa queremos formar? Que termine a sua escolaridade como uma pessoa “equilibrada, intelectualmente competente, aberta ao crescimento, religiosa, compassiva e comprometida com a justiça no serviço generoso ao povo de Deus”
      Pe. Kolvenbach [PI nº13]
       
    • 2. QUE JESUS?
      Queremos que as alunas e os alunos do CPA descubram e experimentem um Jesus humano, em total coerência com o projeto divino para a humanidade, que se nos revela como Amigo, Senhor, Caminho, Verdade e Vida.
       
    • 3. QUE IGREJA?
      Uma Igreja que é possibilidade de Reino aqui e agora. Uma Igreja que é comunidade, um grupo humano acolhedor e aberto a todos os corações; que indica o caminho, que perdoa e ajuda antes de julgar. Uma Igreja que acompanha, serve, cuida e defende os que sofrem.

      Numa dimensão apostólica, a Pastoral é responsável pelo envolvimento do colégio na ação evangelizadora da Igreja, em colaboração com a Igreja local.
       
    • 4. QUE FÉ?
      Queremos transmitir uma fé que é vivência e opção pessoal. Uma atitude que engloba toda a pessoa (intelectual, emocional, afetiva). Queremos educar na construção da identidade pessoal e na interiorização, dando importância ao acompanhamento pessoal (cura personalis) de forma a que aprendam a discernir as suas próprias experiências à luz da fé.
       
    • 5. QUE MORAL?
      Queremos transmitir uma moral que vá formando e formando-se no interior da pessoa. Uma moral que nos comprometa a todos com os mais necessitados. Para isso devemos propor experiências significativas, experiências que fomentem o discernimento crítico, que exercitem a capacidade de eleição ante todas as situações de injustiça, aproveitando compromissos pontuais para torná-los significativos.

      Queremos transmitir uma moral baseada no Evangelho de Jesus que eduque as nossas alunas e alunos no amor, na justiça, na paz, no respeito, na fidelidade à dignidade humana, no serviço, na entrega, na gratuidade; que os torne atentos às questões da sustentabilidade e dos direitos humanos; que se desenvolvam como pessoas tolerantes, solidárias e capazes dum exercício cada vez mais pleno e consciente da liberdade. Queremos promover a audácia de amar e de ser amado na experiência quotidiana, e a gratuidade da entrega nos mais pequenos pormenores.
        
    • 6. QUE ESPIRITUALIDADE?
      Através da Pastoral queremos dar a conhecer a espiritualidade inaciana. Queremos que as nossas alunas e alunos cheguem um dia a pôr-se as duas perguntas que, implícita e explicitamente, aparecem nos Exercícios Espirituais de Stº Inácio de Loyola: “Meu Deus, como é que estás presente na minha vida? Senhor, que queres de mim?”.

       As linhas condutoras das experiências propostas pela Pastoral serão a prática do discernimento, a procura do “magis” (“o que mais conduza à glória de Deus e salvação das almas”), a vida relida e examinada à luz do Evangelho de Jesus (mais importante do que o que nos acontece, é o que fazemos com o que nos acontece). Quer isto dizer uma eterna e positiva insatisfação que nos empurrará sempre a querer sempre mais o que quer Cristo: o Reino, um Mundo justo, pacífico, habitado por uma única família humana.

      A espiritualidade inaciana parte da convicção de que não podemos amar e servir a Deus, sem amar e servir a criação. Toda a realidade nos fala de Deus e em todas as coisas Deus deseja ser amado (mulheres e homens para os outros). Por isso, a pastoral começa, para nós, com a consciência da oferta de liberdade da parte de Deus e deseja chegar a uma resposta da criação a Deus.

    AGENTES DA PASTORAL

    1. A Família é o lugar natural e privilegiado para a educação da pessoa. É na Família que as crianças recebem, por osmose, os primeiros valores e onde, muitas vezes, lhes é transmitida pela primeira vez a fé.

    O CPA acredita que é imprescindível procurar o encontro com as Famílias, especialmente através das atividades colegiais de pastoral e das celebrações conjuntas. As missas das crianças, que são missas familiares, onde eles são os protagonistas, podem ser muito significativas tanto para as crianças como para os seus pais. O mesmo acontece se contarmos com a participação dos pais nas campanhas de solidariedade, nos momentos matinais de reflexão/oração e noutras atividades propostas pelo CPA que procuram promover o desenvolvimento da dimensão espiritual dos alunos, de modo a tornarem-se no futuro adultos comprometidos, com coragem para assumirem a sua fé de modo responsável e em serviço aos outros.

    2. Equipa da pastoral

    1. O coordenador da pastoral deve ser uma pessoa provocadora, que dê testemunho de vida, que empurre, que pergunte, que seja clara e explícita, que seja criativa e próxima, que traga a sua própria experiência, que esteja sempre presente, que ajude a esclarecer o nosso modo de entender, hoje, o que é ser crente, assim como deve ter um verdadeiro apreço e conhecimento da realidade do jovem de hoje. 
       
    2. A equipa da pastoral trabalha de forma coesa e coerente, procurando envolver e comprometer o resto do corpo docente e não docente nesta missão comum. 
       
    3. Cada professor participa de forma responsável na educação global da criança e do jovem. Se toda a escola é evangelizadora, a equipa de coordenadores, professores, e, sobretudo a equipa diretiva são também transmissores de valores coerentes com a nossa fé. 
       
    4. A equipa diretiva é a primeira responsável pela pastoral no CPA, o que significa que garante e promove a elaboração e a concretização do projeto de pastoral desde o pré-escolar até ao ensino secundário.
       
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