Plano de Formação Humana

INTRODUÇÃO: PENSAR A FORMAÇÃO HUMANA

REALIDADE COMPLEXA: IMPORTÂNCIA DAS COMPETÊNCIAS

Formar homens e mulheres para os outros (Pedro Arrupe) é formar homens e mulheres capazes de participarem, viverem e serem felizes no mundo de hoje, comprometidos com a construção de um futuro melhor. 

Numa realidade marcada pela pluralidade, a mudança e a interdependência, cada homem e mulher é convidado a participar e a envolver-se na construção diária de um projeto. Um projeto que é pessoal e comunitário. Um projeto exigente do ponto de vista das competências, valorizando o conhecimento e as capacidades, mas também as atitudes e as referências.

Por esta razão, educar no séc. XXI é equipar os alunos (“homens e mulheres”) na sua dimensão pessoal, académica e profissional para que sejam capazes de:

  • Olhar o mundo, identificar desafios e deixar-se interpelar pelas oportunidades;
  • Responder de forma positiva aos desafios atuais, sendo capaz de ler a realidade com espírito crítico e criativo;
  • Investir de forma ativa no seu crescimento integrado (de todas as dimensões da pessoa humana) e na construção de uma identidade psicossocial com referências sólidas (valores);
  • Descobrir, respeitar e defender o valor e a dignidade da pessoa humana;
  • Interessar-se e ser capaz de agir sobre a realidade e avaliar consequências da sua ação;
  • Adequar e atualizar competências e conhecimentos – autonomia para uma aprendizagem ao longo da vida;
  • Cooperar e envolver-se na construção de um futuro “mais”, isto é, “melhor”, para todos.

É o contexto de um projeto de Formação Humana: contribuir para «uma formação plena e mais profunda da pessoa humana, um processo educativo de formação que procura a excelência – esforço de superação para realizar as potencialidades de cada um – que abrange o intelectual, o académico e tudo o resto» (PI 14).

Com base no crescimento da relação com Deus («presente nas nossas vidas (e) “trabalhando por nós em todas as coisas”» CECJ 21) e com os outros (tendo Jesus Cristo como modelo de humanidade), a Formação Humana não se deve fechar num projeto específico. É uma missão que cruza de forma articulada e complementar as diferentes áreas disciplinares e não disciplinares da escola (conteúdos, estratégias, atividades, propostas concretas de formação e aprofundamento), incluindo a pastoral, o projeto de formação humana e as atividades de complemento curricular.

Com base na parceria família-escola, a Formação Humana compromete-nos a todos enquanto comunidade educativa e enquanto modelos e referências. Quanto mais positivos e coerentes formos como referências, quanto mais articulados (pais, familiares, ambiente quotidiano da escola, áreas curriculares e não curriculares), mais significativas serão as oportunidades educativas no crescimento pessoal, social e académico das crianças e jovens.

SER HUMANO TRADUZ-SE NO AGIR

Na visão de Santo Inácio, “Ser Humano” é uma resposta ao amor de Deus. Uma resposta que, na liberdade de cada pessoa, se faz ação na relação com os outros e, dessa forma, projeto de serviço.

Colaborando no crescimento das diferentes dimensões da pessoa, a Formação Humana promove oportunidades de descoberta e experiência concreta no sentido de atitudes, conhecimentos e capacidades que permitam comportament

os positivos (respostas) face ao mundo, a si próprio, aos outros e aos desafios do futuro, na dimensão pessoal e cristã, social e profissional de cada um.

Formação HumanaFormação HumanaFormação HumanaFormação Humana

Por esta razão são tão importantes as oportunidades para desenvolver competências e saber mobilizar e reinvestir recursos na descoberta do “Ser” e do “Ser a Servir”.

A síntese surge no compromisso da Companhia de Jesus e no que deve caracterizar a verdadeira liderança inaciana: a promoção da justiça social. No desafio lançado por Pedro Arrupe em 1977 «ao consumista egocêntrico, egoísta, obcecado pela ideia de ter e não de ser, escravo das necessidades que ele mesmo criou, insatisfeito, invejoso e que tem como única regra de conduta a acumulação de vantagens, opõe-se o homem do serviço, que não aspira a ter mais, mas a ser melhor e a desenvolver a capacidade de servir solidariamente os outros, e que sabe contentar-se com o essencial.»

APRENDER A “SER”

Aprender, surge na proposta do “Paradigma Pedagógico Inaciano” (PPI), como «modo de experimentar, reflectir e agir acerca da verdade» (PI 100).

É um processo que respeita a liberdade e características do aluno e privilegia a sua motivação e envolvimento.

Nesta proposta, de acordo com realidade concreta de cada pessoa, o educador tem a responsabilidade de:

  1. Facilitar a dinâmica contínua da experiência, reflexão e ação do paradigma, criando “condições”, “alicerces” e “oportunidades”;
  2. Promover uma avaliação capaz de gerar novas experiências e, dessa forma, dar continuidade ao processo.

Se este é o paradigma que orienta a abordagem pedagógica da escola, uma vez que “ser humano” não existe em abstracto, é também a base do Projeto de formação humana, convocando a motivação, autonomia, a relação pessoal, “a imaginação, a afectividade e a criatividade” (CECJ 28).

Formação Humana

É este o desafio: ao longo do ano e de ano para ano, de forma progressiva e de acordo com as características e necessidades dos alunos, facilitar experiências concretas que permitam, pela reflexão e ação, promover aprendizagens significativas, isto é, atitudes e comportamentos de “ser com e para os outros”.

Para isso apostamos em…

  • Contextos de educação não-formal e aprendizagem em contexto lúdico;
  • Recursos e estratégias com base em metodologias ativas;
  • Aprendizagem cooperativa, interpares e comunidades de prática.

Podemos concretizar esta missão no desafio de animar (“dar alma”) a oportunidades e experiências positivas de relacionamento humano, ambientes capazes de interpelar e processos de grupo capazes de promover experimentação, debate e reflexão e, dessa forma, enunciados internos transformadores (aprendizagens significativas).

PROJETO DE FORMAÇÃO HUMANA

OBJETIVOS DO PROJETO

  • Concretizar oportunidades de FH no currículo de todos os alunos
  • Contribuir para a criação de um ambiente propício a experiências “humanas” positivas, promotoras de aprendizagens “humanas”;
  • Dinamizar espaços de valorização de atitudes e comportamentos de “Ser a Servir”;
  • Desenvolver processos formativos no âmbito da Educação não Formal;
  • Envolver a comunidade educativa e, de forma especial, os pais;
  • Promover dinâmicas de avaliação das atividades e do projeto de forma geral.

ORGANIZAÇÃO GERAL

O projeto de Formação Humana tem no centro a relação família-escola e a identidade “ser a servir” da comunidade educativa. Uma identidade que não se fecha nos muros da escola e se estende para além destes, numa dinâmica de acolhimento e encontro com a comunidade alargada. Uma identidade que partilha, valoriza e dá visibilidade a atitudes e comportamentos positivos.

É neste contexto pedagógico, que atravessa o quotidiano da escola, que a Formação Humana acontece convocando a vida escolar de forma geral e o próprio Programa de Formação Humana desenvolvido para os três ciclos do ensino básico e, por outro, promovendo oportunidades de conhecimento de novas realidades de participação.

É ainda um processo potenciado pelo quotidiano da escola e pelas diferentes atividades e propostas (tema anual, dias e semanas temáticas), bem como pela promoção de oportunidades concretas de participação dos alunos na comunidade escolar e educativa.

QUATRO ÁREAS DE AÇÃO (ATIVIDADES)

O projeto desenvolve-se em quatro áreas/ tipos de atividades com objetivos e estratégias específicas que constituem, no seu conjunto, o projeto de formação humana.

  • 1. “Programa” de Formação Humana
    Será desenvolvido no 1º, 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico (CEB), com uma componente curricular semanal.
    Sendo um espaço privilegiado de construção do grupo (turma) e de relação entre alunos e o seu PRT (professor responsável de turma), constitui-se em torno de propostas que permitam apoiar o desenvolvimento de cada aluno em relação com os outros e com o seu professor. Por essa razão, existindo algumas propostas concretas, a organização e animação das mesmas é da responsabilidade dos PRT’s e dos conselhos de turma (em função dos alunos, da turma e das suas necessidades).

    Assim, falar de “programa” no contexto deste projeto é sempre falar de “programa” (entre aspas) no sentido de objetivos e recursos concretos a usar “à medida” por oposição a um programa “pronto-a-vestir de tamanho único”!

    O objetivo é o de construir e disponibilizar aos educadores e professores um conjunto de propostas práticas, capazes de gerar adesão (motivantes) e aprendizagens significativas. Nesse sentido, aposta em metodologias ativas e estratégias de aprendizagem cooperativas adaptadas às diferentes idades e desafios de desenvolvimento (ver quadro).

    15_fhumana5_ahxdm71gda.jpg

    O percurso assume a autonomia do aluno como objetivo. Nesse sentido, os alunos do Secundário serão desafiados a envolver-se de forma mais ativa e autónoma em diferentes oportunidades de participação que sejam, por si mesmas, experiências capazes de produzir aprendizagens significativas.
      
  • 2. Novas realidades
    Valorizando as motivações e interesses dos alunos, esta área de ação visa criar oportunidades de adesão voluntária no sentido de um maior aprofundamento da realidade, formações temáticas ou de preparação para atividades/ desafios. Com diferentes abordagens (convidados, debates, workshops, visitas de estudo ou outras), em diferentes áreas e com origem em propostas de professores ou alunos, identifica-se com estratégias pedagógicas e metodologias da educação-não-formal.
     
    Esta área inclui também, numa concretização do desafio de “Ser a Servir”, propostas concretas de intervenção comunitária (escolar ou na comunidade alargada).
      
  • 3. Quotidiano que inspira
    A experiência humana, afetiva e vivencial do quotidiano de uma escola é o grande anfiteatro da Formação Humana. É nesse quotidiano que pomos em prática as nossas capacidades, que testamos referências, que reforçamos aprendizagens e convicções, que partilhamos (comungamos) uma Fé e um desafio comum de vida.

    Por essa razão é tão importante a identidade e coerência de quantos participam no processo educativo. Surgem a este nível algumas propostas concretas de dinamização vocacionadas para o enriquecimento das oportunidades de Formação Humana:
    Tempos/ espaços de encontro e de participação na comunidade escolar e na comunidade educativa: Semana do Mundo (Semana Temática); Dias temáticos; Concursos/ Prémios; participação nos processos de decisão em torno da vida escolar e académica; experiências de funções de responsabilidade.

    Trabalhar em conjunto formas de valorização de atitudes e práticas de "ser a servir".
      
  • 4. Envolver a Comunidade
    Valorizando a participação de todos e tendo como objetivo um maior envolvimento da Comunidade Escolar na formação de todas as dimensões do aluno, esta área de atividade apresenta oportunidades de formação para professores (especificamente no âmbito dos programas de Formação Humana) e para pais.

    Naturalmente, inclui também a relação com a comunidade educativa alargada e projetos/ parceiros numa filosofia de toda a escola de "ser a servir" (projeto de intervenção social).
      

PARCERIAS

As parcerias permitem-nos ir mais longe, ao trazerem para o projeto peritos, novas ideias e desafios, atividades já realizadas e avaliadas com sucesso, propostas de avaliação e de discernimento do rumo.

Nesse sentido, está prevista a participação de alguns parceiros tal como:

  • ACIDI – Alto Comissariado para a Integração e Diálogo Intercultural;
  • CAMTIL;
  • Associação Arisco;
  • CVX – Comunidade de Vida Cristã;
  • Família e Sociedade;
  • Fundação Gonçalo da Silveira;
  • Gambozinos;
  • IES – Inst. de Empreendedorismo Social;
  • Inducar – Cooperativa no âmbito da Educação Não Formal;
  • ISU – Instituto de Solidariedade e Cooperação Universitária;
  • Leigos para o Desenvolvimento